Pela primeira vez na Mata Atlântica, pesquisadores conseguiram acompanhar todo o ciclo de reprodução e registrar o nascimento da maior águia do continente americano, em uma reserva de Linhares. Imagens começaram a ser feitas há seis meses, quando um casal de harpia — ou gavião-real — namorava no ninho. Depois veio o filhote, que, nos primeiros meses, fica acompanhado de perto pelos pais.
No último final de semana, a jovem harpia já começou a esticar as asas e a ensaiar os primeiros movimentos de voo. A equipe de uma emissora de televisão teve acesso a imagens raras do maior predador alado do mundo.
Este é um animal em extinção que existe na Mata Atlântica e é acompanhado desde 2010 por pesquisadores da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), em uma reserva florestal de Linhares.
Embaixo do ninho, os pesquisadores colocam uma rede para capturar os vestígios que caem de lá e, assim, estudam melhor os costumes e hábitos das aves tão raras. Por lá, a equipe encontrou uma garra de bicho-preguiça — animal que faz parte da dieta das harpias — e o pedaço de um crânio de macaco, um dos alimentos preferidos da ave.
De acordo com Áureo Banhos, coordenador do Projeto Harpia, este animal é totalmente dependente das florestas. "Sem florestas, a harpia não tem como existir. E o mais interessante é que ela é dependente de florestas mais densas. Fora desse ambiente, ela sofre muitas ameaças, sofre com o desmatamento", detalhou.
Câmera escondida
Para registrar todos os momento, os pesquisadores tiveram uma ideia crucial para o projeto: colocar uma câmera perto do ninho, no alto das árvores, em uma distância segura para não incomodar as aves. A câmera foi instalada assim que o ninho foi encontrado. As imagens são raras.
"Dá um alento ver um bicho desse nascer, mas, quando ele crescer, vai ter que buscar outras áreas, que estão preenchidas por outros casais de harpia. Proteger as florestas nesse entorno de reprodução das harpias é muito necessário", explicou o coordenador do projeto.
Apesar do tamanho, a harpia não deve deixar o ninho tão cedo. "Ela só começa a se tornar independente dos pais aos dois anos de idade. Para se tornar adulta, demora mais ou menos seis anos; pode viver por mais de 40 anos, tem um ciclo demorado de vida e uma história longa", pontuou o pesquisador.
Fonte: G1/ES