Livro apresenta a biodiversidade da Reserva de Sooretama; entrevista com o autor Leonardo Merçon

O tema biodiversidade no Espírito Santo tem um novo livro. O lançamento do  título Últimos Refúgios: Reserva Biológica de Sooretama aconteceu na própria reserva, em Linhares, na última quinta-feira (11). O Presidente da ONG Instituto Últimos Refúgios, Leonardo Merçon, informou que a obra tem novas informações sobre a biodiversidade do maior remanescente de mata atlântica de tabuleiros da Costa do Descobrimento.
 
Ele assinala que o instituto vem se dedicando à divulgação das potencialidades ecológicas do Espírito Santo para torná-las conhecidas através da fotografia. Diversos produtos já foram disponibilizados para o público, apresentando informações relevantes sobre a biodiversidade capixaba. O livro pode ser adquirido no site da ONG: http://www.ultimosrefugios.org.br pelo valor de R$ 100 mais R$ 20 de frete.
 
Merçon destacou que publicou livros de fotografias sobre a Reserva Biológica de Duas Bocas, Parque Estadual de Itaúnas e Biodiversidade no Espírito Santo. Também foi publicado o título Últimos Refúgios: Parque Estadual Paulo Cesar Vinha.
 
"Os animais que têm seu habitat na Reserva Biológica de Sooretama ainda são caçados. Também há muitas mortes de animais  na travessia  da BR-101, que corta a reserva em um trecho de 25 quilômetros. Para evitar a morte dos animais na rodovia, estão sendo discutidas algumas medidas, entre as quais a redução da velocidade dos veículos na região”, destacou Leonardo.
 
Além da reserva de Sooretama, com 27,8 mil hectares, a mata atlântica no local é formada ainda pela Reserva Natural do Parque da Vale (23 mil hectares)  e as Reservas Particulares do Patrimônio Natural Mutum-Preto e Recanto das Antas.

Leia a entrevista com o autor do livro e Presidente da ONG, Leonardo Merçon.

1. De onde veio a ideia de registrar a Reserva Biológica de Sooretama?

A Reserva Biológica de Sooretama é considerada uma das áreas mais ricas em Biodiversidade do Brasil, e certamente do Espírito Santo. O último refúgio no Espírito Santo, para animais emblemáticos, como a onça-pintada, antas, harpias e porcos-do-mato. O complexo florestal em que a Reserva está localizada chama a atenção de pesquisadores desde o início da colonização do Brasil, devido às suas matas frondosas e à riqueza singular da fauna.

Com esta publicação, mostramos o que a natureza deixou ser revelado sobre esse lugar fantástico que poucos conhecem. Justificadamente, a categoria da Rebio não permite a visitação como acontece nos Parques. A conservação aqui, se faz pela intangibilidade, pesquisa e educação ambiental.

Apresentamos as diversas áreas em que a Reserva é subdividida e todas as belezas que encontramos em cada uma delas, onde desvendamos do micro ao macro, para que esta obra possibilite ao público conhecer, admirar e orgulhar-se do que está sendo protegido. A Reserva Biológica é viva e é um dever, não só de ambientalistas, mas também de toda a sociedade, preservar esse tesouro que ainda nos resta.

2. Qual a importância deste tipo de registro para a preservação do meio ambiente?

Este tipo de produto cultural, é uma ferramenta em favor da conservação ambiental. Em 10 anos de atuação do Instituto, desde quando eu (Léo) comecei, sozinho, andando pelo Parque Estadual Paulo Cesar Vinha, em busca de fotos de natureza, com uma maquina compacta, para um possível projeto de graduação, vejo claramente uma evolução ideológica, estrutural e institucional. Desde lá, temos 5 livros publicados, 4 documentários, 2 séries para web e TV, uma sede física, dezenas de apresentações em escolinhas e uma equipe de amigos de mais de 50 pessoas, que nestes 10 anos, ajudaram em tudo o que podem. Cada vez mais, temos conseguido comprar brigas maiores, com mais "significância", causando mudanças, por pequenas que sejam. Isto, graças a cada degrau que galgamos. Este livro é mais um degrau.Quanto ao cenário ambiental, vemos uma realidade cada vez mais preocupante, que não afeta só o ES, mas o Brasil e o mundo. A cada dia que passa, o dinheiro fala mais alto. E quem paga a conta é a Natureza. Como eu sempre digo, estamos caminhando a passos rápidos para um desastre, que neste ritmo parece inevitável. Mas, nunca perdemos a esperança, pois acho que conseguimos (ambientalistas) diminuir um pouco a velocidade deste processo autodestruidor da sociedade. Até que um dia, se der tempo, as pessoas "acordem" e vejam que estamos indo pelo caminho errado. Este tipo de registro é uma peça para uma causa maior.

3. Quantas páginas e fotos tem o livro?

O livro tem 220 páginas, com 194 fotos. Este livro é a segunda publicação da série Áreas Protegidas, realizada pelo Instituto Últimos Refúgios, que gradativamente, envolve-se ainda mais com a conservação da biodiversidade brasileira. Esta série pretende mostrar as riquezas ainda preservadas do Estado do Espírito Santo, composto pela Mata Atlântica, que, atualmente, possui menos de 10% de sua cobertura original.

A série tem como característica, uma narrativa que simula um passeio pelas "áreas" das Unidades de Conservação. No caso Reserva Biológica de Sooretama, vamos desde a Sede, passando pelas área central, áreas leste e oeste, estradas, lagoa do macuco, indo até o entorno da Rebio.

4. O livro tem patrocínio da Lei Rubem Braga. Qual a importância deste tipo de incentivo para a publicação de livros como o do Instituto?

Sem o patrocínio da Lei Rubem Braga, acredito que não teríamos conseguido realizar um produto com a qualidade da qual me orgulho! Esta qualidade foi alcançada pois tivemos condições de contratar profissionais e serviços que realmente fazem a diferença em um projeto. Desde de o Designer Gráfico e editor experientes, até uma gráfica que realiza impressões de qualidade, são variáveis chave para o bom desenvolvimento do projeto de um livro. E isto não é barato.

Nosso país vive um processo de decisão de como a sociedade vai lidar com a cultura e o meio ambiente. Iniciativas de patrocínio constantes e estáveis, como a da Lei Rubem Braga, são um grande incentivo para realizadores de projetos, que lutam para criar um cenário cultural mais positivo em nosso estado. Ainda estamos bem distantes dos eixos culturais nacionais de maior força, porém, somente com a valorização e suporte aos produtores locais, é que conseguiremos reverter esta situação.

5. Qual o valor do livro? Ele será comercializado?
O valor de mercado de um livro deste formato e acabamento, facilmente passa dos R$200 em livrarias. Porém, devido ao caráter sem fins lucrativos da instituição, e a vontade de democratizar o livro, colocaremos a venda em nosso site, pelo valor de R$100 + R$ 20 de frete.

6. Como é possível contribuir com a manutenção do instituto?
Por trás das fotos e vídeos que o Instituto Últimos Refúgios produz, existe um árduo trabalho que envolve estudantes e profissionais voluntários de diversas áreas, apaixonados pelo meio ambiente. Através de nossas expedições em áreas protegidas, além das belezas, descobrimos muitos problemas que põem em risco os últimos refúgios de espécies, muitas vezes, ameaçadas de extinção.
 
Por sermos uma organização sem fins lucrativos, dependemos de doações para manter viva, a luta em prol do meio ambiente. Junte-se a nós, tornando-se um associado!
 
A sua contribuição vai apoiar:
●    A realização de expedições em áreas de Mata Atlântica, que resultam na divulgação das belezas e dos problemas relacionados a nossa biodiversidade;
●    A produção de livros fotográficos e documentários socioambientais;
●    O projeto "Últimos Refúgios nas escolas" que desenvolve atividades de educação ambiental com crianças;
●    A participação em eventos, simpósios e exposições com foco em conservação e em biodiversidade;
●    A difusão da ciência por meio da colaboração em pesquisas científicas;
●    A parceria do Últimos Refúgios com outras instituições ambientais e organizações sem fins lucrativos;
●    A manutenção da estrutura física básica da Instituição (aluguel, condomínio, energia e internet).

Associações e doações através do Link: http://www.ultimosrefugios.org.br/#!associe-se/c1vz0